Em maio de 1970, quando o primeiro gibi da Turma da Mônica foi lançado, Maurício de Sousa ainda desenhava, a próprio punho, seus personagens, ao mesmo tempo em que se dividia sabe-se lá em quantas partes para concluir as tirinhas da Folhinha de S. Paulo, suplemento criado por ele e Lenita Miranda de Figueiredo que ainda sobreviveria por muito tempo nas páginas do jornal brasileiro.
Quarenta anos depois, a arretada gordinha, baixinha e dentuça governa, praticamente sozinha, o mercado editorial de quadrinhos no Brasil - mesmo tendo sido criada muito antes. Suas revistas - unidas às de seus amiguinhos, que aos poucos foram ganhando títulos próprios - já venderam mais de 1 bilhão de exemplares no Brasil e no mundo.
Tamanho sucesso não é para qualquer um. Como poucos souberam fazer, Maurício de Sousa, conseguiu adaptar suas histórias aos tempos atuais. Não poupou em fazer trabalho social ao mostrar personagens incomuns em quadrinhos infantis - um mudo, uma deficiente visual, um cadeirante, entre outros.
Como todo projeto que alcança as massas, já recebeu muitas críticas: por manter um personagem repleto de gírias caipiras ou por insistir na história da menina gordinha que sofre com as tentativas insanas de Cebolinha em derrotá-la. Mas em plenos anos 2000, quando a maior parte dos quadrinhos e desenhos voltados a crianças incitam a violência, Mauricio ainda vence mostrando o bairro do Limoeiro, que está em São Paulo, mas parece tão distante deste tempo quanto os anos 1950, quando ele foi criado.
A visão romântica e inocente deste mundo estende-se até mesmo na revista Turma da Mônica Jovem. Sim, Mônica cresceu e apareceu. Junto a ela, novas responsabilidades, ao dialogar, agora, com os adolescentes.
Há pelo menos quatro gerações, Mônica e seus amigos ensinaram muitos brasileiros a ler. Atravessaram o mundo dos quadrinhos e ganharam a televisão, o cinema e as lojas. E ainda devem permanecer vivos no imaginário popular por muito tempo.