domingo, maio 23, 2010
CANNES 2010: Fábula Tailândesa sobre vidas passadas ganha a Palma de Ouro.
Minutos antes de começar a cerimônia de premiação do 63º Festival de Cannes as especulações sobre quem seria o vencedor deste ano não paravam. Com direito a tudo que uma grande premiação tem, no começo da noite na Riviera Francesa, astros e cineastas desfilaram no tapete vermelho do Grand Théâtre Lumière, rumo à cerimônia de encerramento.
A apresentadora da noite, Kristin Scott Thomas (Há Tanto Tempo que Te Amo) fez questão de mostrar a cadeira vazia do 10º membro do júri, do cineasta iraniano Jafar Panahí, Ouro Carmim venceu a mostra Un Certain Regard em 2003. A atriz fez um belo discurso reforçando o pedido pela liberdade de expressão e pela libertação do diretor preso desde 2 de março no Irã, atualmente, em greve de fome.
O anúncio da Palma de Ouro, o grande momento da noite e também o último da cerimônia, foi ovacionado tanto no Grand Theatre Lumière (onde ficam os convidados), como na sala Claude Debussy e nas salas de imprensa, de onde a premiação é transmitida ao vivo. Charlotte Gainsbourg, vencedora da Palma de Melhor Atriz em 2009 por Anticristo e protagonista do filme de encerramento The Tree, de Julie Bertuccelli, subiu ao palco para breves palavras sobre o prêmio e o presidente do júri desta edição, Tim Burton (Alice no País das Maravilhas) anunciou a Palma de Ouro para Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives, do cineasta tailândes Apitchatpong Weerasethakul.
Tio Boonmee que Lembra de suas vidas passadas (em tradução livre para o português) é uma fábula sobre fantasmas e vidas passadas. O longa-metragem mais original da competição, sem qualquer dúvida, retrata os últimos dias de Boonmee, um tio doente terminal que recebe primeiro a visita de sua falecida esposa, depois de seu filho que virou um macaco-fantasma retorna para visitá-lo, passando por várias lendas folclóricas da Tailândia que retratam as crenças em vidas passadas e fantasmas, da tradição budista. O filme é inspirado no livro A Man Who Can Recall His Past Lives com as experiências reais de Boonmee, um homem que recordava de suas vidas pregressas. Estas experiências foram reportadas por várias pessoas na Tailândia e para o autor, o filme é uma grande homenagem à cultura de seu país.
Muito emocionado as primeiras palavras de Apitchatpong Weerasethakul foram: " Isso é como um outro mundo para mim, surreal. Este filme demorou três anos e meio para fazer. É muito importante para o cinema Tailândia." Agradeceu aos seus produtores pela paciência e persistência, à sua equipe pelo apoio e pela generosidade e declarou ao júri do festival que gostaria beijar cada um deles, especialmente, Tim Burton porque adoro o seu cabelo.
Encerrou o breve discurso com as seguintes declarações: "Agradeço aos espíritos e fantasmas da Tailândia, só foi possível estar aqui por causa deles. Ao meu pai e aminha mãe que a 30 anos atrás me levaram a um pequeno cinema na minha pequena cidade. Eu não sabia o que era aquilo. Hoje, neste palco, acho que aprendi um pouco mais."