segunda-feira, maio 24, 2010

Após protestos, Jafar Panahí sai da prisão no Irã.


O procurador-geral de Teerã, Jafari Dolatabadi, anunciou nesta segunda-feira (24/5) que o cineasta Jafar Panahí (Ouro Carmim) será liberdado após pagamento de fiança. Panahí está preso desde o dia 1º março, acusado pelo governo de Mahmoud Ahmadinejad de tentar desestabilizar a administração com a realização de um filme.


A informação da libertação foi divulgada pela agência Isna. Panahí havia iniciado uma greve de fome em 14 de maio para alertar a comunidade internacional para a censura do Irã aos cineastas. “A menos que cumpram minhas exigências, me nego a comer porque não quero servir de cobaia que é submetida a todo tipo de tortura mental e física”.

O Festival de Cannes, que acabou no domingo (23/5), protestou contra a prisão e manteve a cadeira de Panahí, que fora convidado para integrar o júri presidido por Tim Burton, vazia. O cineasta iraniano Abbas Kiarostami e a atriz Juliette Binoche fizeram um apelo pela libertação do diretor.

O governo do Irã acusou Panahí de produzir um filme sobre os protestos contra os resultados das eleições de 12 de junho de 2009, nas quais Ahmadinejad foi reeleito para a presidência. O processo eleitoral foi acusado de fraude pelo principal candidato da oposição, Hossein Mousavi. Em seguida, diversos manifestantes foram presos.

Panahí é premiado internacionalmente. Em Cannes, no ano de 1995, ganhou o Câmera de Ouro (diretores estreantes) e a mostra Um Certo Olhar em 2003 por Ouro Carmim. Já em Veneza, Panahí ganhou o Leão de Ouro em 2000 por O Círculo.

Jafar Panahí não é o único cineasta preso no Irã. Segundo a Anistia Internacional, a lista também inclui Mohammad Ali Shirzadí, preso em janeiro, porque filmou uma entrevista com Ali Montazarí, ativista pelos direitos humanos e um dos aiatolás dicidentes.

Panahí e Shirzadí, presos na mesma cela, são companheiros de prisão de outro diretor, Mohamad Nurizad, que também iniciou greve de fome após ser golpeado por um segurança da penitenciária Evin.