Como que rolou a gravação do disco?
Foi uma fase que a Fresno não tava fazendo rádio, nem TV e só tocando pós-VMB. Foi um processo muito rápido e diferente porque você só está com a música na sua cabeça. Estava acostumado a fazer isso em casa e trouxe pro estúdio. É uma empreitada e uma grande válvula de escape. São várias músicas que talvez o mundo nunca fosse ouvir.
Você tinha vontade de registrar e lançar essas músicas?
Fazia isso na internet através do MySpace. Quem era fã de Fresno já sabia, mas eram coisas sempre underground. Se fosse lançado no meio de todo o trabalho da banda, talvez ninguém fosse entender o porquê disso. Como as pessoas ligam minha imagem ao grupo, as pessoas precisam entender que é um projeto paralelo. Não é nenhuma tentativa de fazer sucesso com outra coisa. Meu tempo livre é fazer música. É meu lazer e um prazer poder ter isso gravado.
O disco foi lançado pela própria gravadora do Fresno. Como que foi essa transição?
Foi uma aposta muito grande da gravadora. Rola uma confiança. Mesmo não sendo um mega investimento, é uma coisa que toma tempo. Quando a gente assinou com gravadora, a maior preocupação foi qual seria nossa liberdade na gravadora. Sabíamos que a gente não podia sair colocando música pra baixar. Quando avisei do meu projeto solo, só avisaram que não era pra alardear demais. É uma política internacional da gravadora esse lance do mp3. Colocava no MySpace pra galera ouvir. Isso foi gerando uma coisa legal e começou a rolar uma conversa de dois anos pra gente lançar isso. Conseguimos muitas coisas com a Fresno. Já é uma banda de sucesso e é até legal chegar com uma coisa nova.
Como é pra você escrever em inglês?
São historinhas da minha vida, por ser inglês é até mais autobiográfico. Em inglês a gente consegue falar coisa que não consegue em português justamente por parecer bobagem. Aprendi inglês assistindo Friends. Acabei pegando uma praticidade. Pro rock é mais natural compor em inglês do que português.
E como foi pra você esse processo para entrar em estúdio sem a banda?
O caminho que a música toma da composição, arranjo até chegar no CD é bem diferente. Foi aí que usei qualquer referência e influência desde que me entendo por gente. Tive medo que ficasse meio caricatura, mas não ficou. Tem coisa ali que começa meio country, mas acabou ficando com a minha cara. Era uma coisa que tinha que fazer e não fosse encaixar com a Fresno. É o primeiro disco que rola essa criação da identidade. De repente não rola essa obrigação de continuidade e eu crie outro projeto para começar do zero com outra proposta. É uma loucura, cada música é de um jeito.
Você sentia mais liberdade para outras sonoridades.
Tem uma música ali por exemplo, Go On, que eu queria uma igual aquelas do Roxette, tipo It Must Been Love. Uma balada dominical. Vai lá e faz. Não quero ter essa pretensão com a Fresno e alguém no meio do caminho podia falar: "você está viajando".
Muita gente vê projetos paralelos como um possível fim da banda, coisas do tipo. Há essa possibilidade?
É uma coisa que fiz para ser menor que banda. Aqui no Brasil quando as pessoas gravam um disco sozinhas é porque já saiu da banda. Na gringa é diferente. A gente é ocupado, mas também tem tempo livre e eu uso o meu pra fazer música com coisas que gosto de trabalhar. Foi isso que gerou o Beeshop e milhares de outras coisas. Para mim é um complemento e dá um refresco no trabalho da Fresno, onde há uma responsabilidade maior. É um exercício saudável de composição e gravação. Isso é um alvo para um público diferente da Fresno.
Você acha que o projeto pode trazer novos fãs para o Fresno?
É um momento que a Fresno poderia entrar no ostracismo, mas acaba fazendo com que a gente ganhe mais espaço. É uma chance de outras pessoas ouçam a música e acabem gostando. A médio e longo prazo vai ser uma resposta boa pra banda. O cara que não gosta já não conhece profundamente e tem uma opinião formado com 4 ou 5 músicas que tocam em rádio. Não entende que a gente precisa fazer versão acústica pra entrar no rádio. Pra quem tem banda é horrível, é como arrancar um pedaço. O Beeshop é exatamente isso, pra quebrar alguns desses preconceitos.
Redação Terra,